[por Andreia Araújo, Diana Fonseca e Rafaela Pereira]
Como qualquer história, é pelo princípio que se começa. É na formação das modalidades que são dados os primeiros passos e Diogo Araújo e Daniela Tavares são exemplos de quem passou de atleta em formação ao ensino da prática, na mesma vertente.
Dois jovens separados pelas modalidades específicas que os apaixonam, mas unidos exatamente nessa paixão pelo desporto e por aquilo que representa nas suas vidas.
Diogo Araújo, de 21 anos, é recém-licenciado em Ciências da Comunicação, mas foi sempre no basquetebol que encontrou uma segunda casa. Já Daniela Tavares, de 21 anos e a estudar na mesma área, sempre se sentiu realizada no campo de voleibol e recorda: "Comecei a jogar por volta dos 11/12 anos no Clube Desportivo de Fiães, por influência de um treinador que viu em mim algum tipo de futuro na modalidade". Foi aqui que iniciou e concluiu a sua formação enquanto atleta de voleibol, à semelhança de Diogo Araújo que se formou no Maia Basket Clube, onde hoje é treinador: "Como era ex-atleta, recebi um convite e aceitei com todo o gosto".
De atleta (em formação) a treinador (de formação)
O principal requisito para manter a ligação à modalidade é frisado por ambos os jovens: o "bichinho", o "gosto", como gostam de chamar.
Ao acabarem a sua formação nas respetivas modalidades, existia uma enorme vontade de continuar, mesmo que em outros termos. Foi a altura fulcral para trocar de papéis - de serem treinados a passarem a treinar, exatamente na parte amadora, que Diogo considera a "vertente mais importante":
Daniela revê igualmente a necessidade de, enquanto treinadora de camadas jovens no Sport Vila Real e Benfica, passar valores fundamentais para a prática desportiva como para a vida: "têm de perceber que é preciso trabalhar, têm de ter sentido de responsabilidade e respeito, saber gerir o tempo, ter cuidados de saúde e alimentação, e aprender a trabalhar em equipa".
Na verdade, existe alguma diferença entre ser atleta e ser treinador nas modalidades, em particular, ser precisa mais maturidade para acompanhar e apoiar os mais novos. Para Diogo Araújo, há a responsabilidade constante: "somos nós [treinadores de formação] que decidimos quem joga, o que fazer quando fazer e como se deve fazer. Temos de nos adaptar e estar preparados para reagir à falha sem exaltar muito, como às vezes acontecia enquanto atletas". Além disso, o ex-atleta não deixa de frisar a preocupação de se adaptar aos seus pequenos basquetebolistas.
"O erro e a falha são coisas normais no processo evolutivo." - Diogo Araújo, treinador de formação no Maia Basket Clube
Fotos: Maia Basket Clube: Diogo Araújo como treinador
Daniela assume que aprendeu muito com os treinadores que teve, essencialmente naquilo que devia ou não devia fazer, agora que está essa posição. A jovem não esconde que precisou de aprender a gerir as suas emoções, mas também a das atletas que estão a seu cargo.
"Quando comecei a assumir equipas percebi que errar faz parte – um treinador também erra e vai ter más decisões." - Daniela Tavares, treinadora de formação no Sport Vila Real e Benfica
Fotos cedidas por Daniela Tavares: 1ª enquanto treinador; 2ª durante a época em jogava
O processo para chegar a treinador
Tanto no basquetebol como no voleibol, o caminho para começar a especialização em treino é semelhante. Daniela partilha: "Aos meus 16/17 assumo uma equipa, as Iniciadas B [no Clube Desportivo de Fiães] e estive com a equipa dois anos, juntamente com outra colega. Não tinha experiência como treinadora, apenas como atleta. Esta fase acaba por ser o mote para, mais tarde, tirar o curso de treinadora e acabar por fazer algo desse cargo [no Sport Vila Real e Benfica]".
À imagem desta jovem, Diogo tirou o curso de treinador de basquetebol, onde aprendeu sobre "o processo de aprendizagem de cada miúdo, o tempo que eles demoram a maturar, a heterogeneidade entre os atletas e saber como reagir em caso de lesões específicas ou ataques cardíacos". Acabou por aprofundar o estudo com a parte prática da sua modalidade, que agora aplica no estágio, no Maia Basket Clube: "tenho uma pasta como todos os dados dos meus atletas, fichas de jogo, planos de treino, isto é, tudo aquilo que envolva o processo do treinador".
As ambições nas modalidades
Neste momento, os dois sentem-se realizados com aquilo que estão a fazer dentro da modalidade que os apaixona desde muito novos.
A jovem de 21 anos admite que "gostava muito de voltar a campo" enquanto atleta de voleibol, mas no âmbito de poder representar o seu país, ou seja, de estar na Seleção Nacional Portuguesa. Assumindo quase isto como impossibilidade, se o pudesse fazer como treinadora "era a cereja no topo do bolo".
O rapaz de 21 anos vê como mais viável continuar conectado ao basquetebol como treinador e, para já, estar na parte de formação é cumprir o objetivo de "ver os atletas crescer" e refere mesmo que o importante é ensinar as crianças a jogar e "depois os resultados vem por acréscimo".
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